quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Um Amor de Carnaval

Meu carnaval nem teve samba. Esperava algumas meras horas de encantamento e de prazer. Sem levar em conta a duração, e sim a intensidade. Ter marcas deixadas na memória e no corpo nessa festa de tanta relevância e cheia de transgressões. Sim, era isso mesmo: queria assistir a transgressão.!Estava à espera de um passo errado para fazer valer a força, o poder pagão das Dionísias Urbanas, tendo Baco por companhia.
Essa “eternidade” do amor que pode durar uma vida toda, ou não mais do que o instante reticente. Viver cada instante... Pingando... Um a um... Reticente... Discreto e extravagante. Aliás, discreto quer dizer descontínuo, em filosofia. Engraçado, isso, não? Existe algo mais discreto e extravagante que um “reticente”...?
Queria assistir aos amores genuínos e solteiríssimos do carnaval e de sempre! Aquele que ama incondicionalmente, sem exigir continuidade. Queria assistir aquelas bem comportadas, e aparentemente finas durante trezentos dias do ano, e que no carnaval realizam o sonho de serem ursos, onças, gatas, coelhinhas soltando todos os seus outros bichos. Queria assistir as vocações para índias, escravas gregas (adoro essas fantasias), e os bobos bate-bolas. Queria assistir ao “ou é agora, ou nunca mais”... Só ano que vem.
Vamos espanar os adjetivos! Transgredir é afirmar! É a autenticidade cheia de sensualidade e beijos ardentes, sorrisos largos, mãos e corpos que se tocam. Nada em nome da paixão. Tudo o que todo mundo sempre quis e não pode, mas no carnaval é normal. E o que é normal? Ir ali rapidinho e voltar. Testar beijos e esfregas. Pano rápido.
Ela passou várias vezes na minha frente e eu só sorri. Não fui ali, não voltei, fiquei só olhando me dividindo e me divertindo entre êxtase e contemplação com tanta “alegria”. O amor é a arte de fazer durar. Sem o tal do “amor”, me dei conta que era quarta de cinzas e o carnaval acabou. Que droga!.
Vou me preparar pra 2010. Gosto mais de números inteiros. Vou ter sorte.